sábado, 28 de junho de 2014

Enxergar as coisas como verdadeiramente são
Adriana Assunção

Continuamente imaginamos que tudo pode ter um padrão perfeito e igualmente concebido a nosso modo, que podemos aperfeiçoar as coisas e as pessoas de acordo com a nossa visão pessoal, criando expectativas próprias que não estão ao alcance dos outros e, muitas vezes, sofremos por não conseguirmos os objetivos idealizados. Esse fato é tedioso nas famílias, nas amizades e frequente no processo ensino aprendizagem.
Ressalta-se, no entanto, que, com as inovações e a quebra de paradigmas originados pela Politica Nacional da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008), o Atendimento Educacional Especializado – AEE, um serviço da educação especial, oferece uma nova concepção de que as condições para o sucesso é provável, através da identificação, elaboração e organização de recursos pedagógicos e de acessibilidade, com o intuito de suprimir os obstáculos para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades especiais. Deste modo, motiva-nos a refletir que não existem amostras idênticas e que todos se igualam pelas suas diferenças.

Portanto, a inclusão rompe esses modelos que sustentavam os sistemas educacionais e sociais fazendo cogitar que precisamos contemplar as pessoas como verdadeiramente são com suas limitações e suas potencialidades para não criamos expectativas nossas, pois cada ser humano é único e precisa ser respeitado e aceito perante aos obstáculos vivenciados e ser estimulado a evoluir nos seus processos mentais, na participação, na independência e autonomia, apreciando o direito de se desenvolver a seu tempo que é nato de cada um. 

sábado, 7 de junho de 2014

Transtorno do Espectro Autismo - TEA

Como o autista apresenta limitação na interação social e na comunicação, a construção da linguagem apresenta déficits de compreensão de sentido e significado. Ocasionando dificuldades em jogo imaginativo e em fazer amigos; ausência ou atraso de fala ou de linguagem, resistência em mudança de rotina; pouco ou nenhum contato visual;
No caso de sujeitos com déficits de comunicação, para que ocorra o desenvolvimento, há estudos, como o de Bez (2010), que evidenciam que o uso de estratégias de mediação acrescido da utilização da comunicação alternativa e recursos de alta e baixa tecnologia proporcionaram aos sujeitos com Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) um aumento de sua interação social e da ampliação da comunicação.
Na perspectiva de apoiar o desenvolvimento da comunicação e a interação do aluno autista entre seus pares na sala de aula, o recurso do Boardmaker é uma ferramenta que auxilia na criação das agendas escolares, atividades da turma e também ações pessoais da rotina. Para isso, você pode utilizar grades, das mais variadas formas, que se encontram em "pranchas modelos" no arquivo "agendas".

RECURSO DE BAIXA TECNOLOGIA

ATIVIDADE SUGERIDA: Sala de Aula

Título da atividade: Criação da Rotina
A atividade foi pensada para alunos com autismo que ainda não conseguem compreender a rotina da sala de aula e não interagem com seus colegas.
O desenvolvimento da atividade será na sala de aula com a participação de todos os alunos na socialização da rotina do dia. Para que o aluno autista possa antecipar os acontecimentos e compreender o sentido e o significado de cada ação, além de estimular o aluno a comunicação e interação entre seus pares.
De acordo com o fascículo 9, Transtornos Globais do Desenvolvimento “Quanto mais cedo a criança com TGD puder antecipar o que acontece diariamente na escola, mais familiar e possível de ser reconhecida se tornará para ela a vivência escolar...”
“O importante é tornar a antecipação uma rotina e não desistir da expectativa de adesão da criança.”


Descrição de imagem:

Uma grade para criação de agenda que contempla a sequência de atividades que serão desenvolvidas na sala.
O primeiro símbolo representa o grupo de alunos. Na sequência horizontal, encontram-se espaços em brancos onde serão aplicados, com Velcro, os cartões de comunicação representativos das atividades escolhidas pelo grupo de colegas para serem realizadas naquele dia. No final, há um espaço maior onde será colado um envelope. No término de cada tarefa, os cartões serão guardados neste envelope.




Intervenções do professor de AEE: deverá atuar na sensibilização do uso da rotina com os alunos e o professor da sala comum para estimularem a participação do aluno nas atividades desenvolvidas e fortalecer a parceria com a família, orientando-a sempre que possível.


                        

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Texto Informativo:  Surdocegueira e Deficiência Múltipla


  Segundo Lagati (1995, p.306) “Surdoceguira é uma condição que apresenta outras dificuldades além daquelas causadas pela cegueira e pela surdez”, é uma deficiência única não como à soma de dois comprometimentos sensoriais. Conforme os estudos de McInnes, a fim de classificarmos alguém de surdocego é preciso que esse indivíduo não tenha suficiente visão para compensar a perda auditiva, ou vice-versa, que não possua audição suficiente para compensar a falta de visão.
    
   A pessoa com surdocegueira necessita de um ambiente planejado e organizado que favoreça a interação com pessoas e objetos para auxiliar nas atividades que deseja participar. Como também incentivar e ensinar a usar sua visão e audição residuais, assim como outros sentidos remanescentes que suscitem sua curiosidade.
   
  Deficiência múltipla caracteriza-se por um “conjunto de duas ou mais deficiências associadas, de ordem física, sensorial, mental, emocional ou de comportamento social” (MEC/2006). Contudo não é a conexão dessas alterações que a caracterizam, mas sim o grau de desenvolvimento, as possibilidades funcionais, de comunicação, interação social e de aprendizagem que originam as necessidades educacionais dessas pessoas.
No tocante a necessidade especifica do aluno com surdocegueira ou com deficiência múltipla são dadas a partir do corpo que é a realidade mais imediata do ser humano. Deste modo o favorecimento do esquema corporal é de suma importância para que o indivíduo se auto perceba e perceba o mundo exterior, pelo meio da “sua verticalidade, o equilíbrio postural, a articulação e a harmonização de seus movimentos; a autonomia em deslocamentos e movimentos; o aperfeiçoamento das coordenações viso motora, motora global e fina; o desenvolvimento da força muscular”. (MEC/2010 Fascículo 5 p.11)

      Outro aspecto relevante em ambos os casos refere-se à linguagem, uma vez que é comum apresentarem limitação nesse sentido. Portanto se faz necessário uma pessoa para mediar os sistemas adequados de comunicação, através de constantes interações com o meio ambiente e com os recursos que instiguem suas habilidades e que estabeleçam a aquisição da comunicação estruturada no registro simbólico verbal, gestual e a comunicação por símbolos tangíveis levando em consideração as especificidades de cada pessoa e a referência significativa do símbolo ao ser construído.

Referência Bibliográfica

BOSCO, Ismênia C. M. G.; MESQUITA, Sandra R. S. H.; MAIA, Shirley R. Coletânea UFC-MEC/2010: A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar - Fascículo 05: Surdocegueira e Deficiência Múltipla (2010).
IKONOMIDIS, Vula Maria Apostila sobre “Deficiência Múltipla Sensorial”,2010 sem publicar.
ROWLAND Charity e SCHWEIGERT Philip - Soluções Tangíveis para Indivíduos Com Deficiência Múltipla e ou com Surdocegueira.

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sábado, 8 de março de 2014

Nova Concepção no Processo Escolar da Pessoa com Surdez
-Desafios a Serem Superados Junto ao Atendimento Educacional Especializado-

Adriana Silva de Sousa Assunção

A educação escolar das pessoas com surdez passou por vários momentos históricos entre os gestualistas e os oralistas, em que essas concepções ficaram centradas na acessão de uma língua ou de outra, com isso as pessoas com surdez não tinham seu potencial individual e coletivo desenvolvido, ficavam secundarizadas e descontextualizadas das relações sociais, sendo relegadas a uma condição excludente.
Diante desses embates, a nova Politica de Educação no Brasil vem buscando consolidar uma perspectiva de inclusão de todos, com peculiaridades para pessoas com surdez. Nesta perspectiva, a nova Politica da Educação Especial busca discutir novas propostas e desafios no ambiente escolar, na ressignificação das práticas sociais / institucionais que possibilitem à pessoa com surdez ser reconhecida na sua totalidade, não sendo somente vista pela sua perda sensorial auditiva, mas como um sujeito capaz de desenvolver os processos linguísticos e cognitivos.
Baseado nessa concepção, a pessoa com surdez, devido a essa perda sensorial auditiva, possui peculiaridades e singularidades, que devem ser conhecidas e respeitadas, e não reduzidas ao chamado “mundo surdo”, devendo, para isso, ser estimulada a produzir conhecimento ao longo das vivencias cotidianas. Vale ressaltar que, para contemplar esses aspectos, faz-se necessário a utilização da abordagem bilíngue, ou seja, o uso de duas línguas, a Libras e a Língua Portuguesa, em suas variantes de uso padrão ensinadas no âmbito escolar, e legitimado na obrigatoriedade dos dispositivos legais citado:


Decreto 5.626 de 5 de dezembro de 2005, que determina o direito de uma educação que garanta a formação da pessoa com surdez, em que a Língua Brasileira de Sinais e a Língua Portuguesa, preferencialmente na sua modalidade escrita, constituam línguas de instrução, e que o acesso às duas línguas ocorra de forma simultânea no ambiente escolar, colaborando para o desenvolvimento de todo o processo educativo.


Partindo desse olhar, as pessoas com surdez precisam de ambientes educacionais estimuladores que desafiem o pensamento e exercite sua capacidade perceptivo-cognitiva, sendo fundamental para isso que haja a transformação da escola e das práticas pedagógicas, uma vez que, somente a aquisição da língua de sinais não é garantia de uma aprendizagem significativa.
Nessa conjuntura, o Atendimento Educacional Especializado através da Politica Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva disponibiliza recursos e serviços, com o objetivo de organizar o trabalho complementar para a sala comum com o intuito de proporcionar autonomia e independência social, afetiva, cognitiva e linguística da pessoa com surdez na escola e fora dela.
Esses atendimentos acontecem de forma sistemática e didática no trabalho do AEE PS que, segundo Damázio (2005:69-123), deve envolver três momentos didático-pedagógicos, quais sejam:


· Atendimento Educacional Especializado EM LIBRAS; ocorre diariamente, em horário contrario ao da sala comum. Nesse atendimento, o professor acompanha o plano de conteúdo oficial da escola de acordo com a série ou ciclo que o aluno está cursando.
· Atendimento Educacional Especializado para o ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA; esse atendimento acontece em horário diferente ao da sala de aula comum. Todo o ensino é desenvolvido por uma professora, preferencialmente, formada em Letras e que conheça os pressupostos linguísticos e teóricos que norteiam o trabalho do ensino de português escrito para pessoas com surdez.
· Atendimento Educacional Especializado para o ensino DE LIBRAS; esse trabalho é realizado pelo professor e/ou instrutor de libras (preferencialmente, por profissionais com surdez), de acordo com o estágio de desenvolvimento da língua de sinais em que o aluno se encontra.



Esses momentos de trabalho são de extrema relevância para a inclusão do aluno em uma escola comum, pois proporcionam além da interação social e linguística, a preparação para a individualidade e coletividade, visando à formação de uma sociedade mais justa e igualitária.