Nova
Concepção no Processo Escolar da Pessoa com Surdez
-Desafios
a Serem Superados Junto ao Atendimento Educacional Especializado-
Adriana Silva de
Sousa Assunção
A educação escolar das
pessoas com surdez passou por vários momentos históricos entre os gestualistas
e os oralistas, em que essas concepções ficaram centradas na acessão de uma
língua ou de outra, com isso as pessoas com surdez não tinham seu potencial
individual e coletivo desenvolvido, ficavam secundarizadas e descontextualizadas
das relações sociais, sendo relegadas a uma condição excludente.
Diante desses embates, a
nova Politica de Educação no Brasil vem buscando consolidar uma perspectiva de
inclusão de todos, com peculiaridades para pessoas com surdez. Nesta
perspectiva, a nova Politica da Educação Especial busca discutir novas
propostas e desafios no ambiente escolar, na ressignificação das práticas
sociais / institucionais que possibilitem à pessoa com surdez ser reconhecida
na sua totalidade, não sendo somente vista pela sua perda sensorial auditiva,
mas como um sujeito capaz de desenvolver os processos linguísticos e
cognitivos.
Baseado nessa concepção, a
pessoa com surdez, devido a essa perda sensorial auditiva, possui
peculiaridades e singularidades, que devem ser conhecidas e respeitadas, e não
reduzidas ao chamado “mundo surdo”, devendo, para isso, ser estimulada a
produzir conhecimento ao longo das vivencias cotidianas. Vale ressaltar que,
para contemplar esses aspectos, faz-se necessário a utilização da abordagem
bilíngue, ou seja, o uso de duas línguas, a Libras e a Língua Portuguesa, em
suas variantes de uso padrão ensinadas no âmbito escolar, e legitimado na
obrigatoriedade dos dispositivos legais citado:
Decreto 5.626 de 5 de
dezembro de 2005, que determina o direito de uma educação que garanta a
formação da pessoa com surdez, em que a Língua Brasileira de Sinais e a Língua
Portuguesa, preferencialmente na sua modalidade escrita, constituam línguas de
instrução, e que o acesso às duas línguas ocorra de forma simultânea no
ambiente escolar, colaborando para o desenvolvimento de todo o processo
educativo.
Partindo desse olhar, as
pessoas com surdez precisam de ambientes educacionais estimuladores que
desafiem o pensamento e exercite sua capacidade perceptivo-cognitiva, sendo
fundamental para isso que haja a transformação da escola e das práticas
pedagógicas, uma vez que, somente a aquisição da língua de sinais não é
garantia de uma aprendizagem significativa.
Nessa conjuntura, o
Atendimento Educacional Especializado através da Politica Nacional de Educação
Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva disponibiliza recursos e
serviços, com o objetivo de organizar o trabalho complementar para a sala comum
com o intuito de proporcionar autonomia e independência social, afetiva,
cognitiva e linguística da pessoa com surdez na escola e fora dela.
Esses atendimentos acontecem
de forma sistemática e didática no trabalho do AEE PS que, segundo Damázio
(2005:69-123), deve envolver três momentos didático-pedagógicos, quais sejam:
· Atendimento
Educacional Especializado EM LIBRAS; ocorre diariamente, em horário contrario
ao da sala comum. Nesse atendimento, o professor acompanha o plano de conteúdo
oficial da escola de acordo com a série ou ciclo que o aluno está cursando.
· Atendimento
Educacional Especializado para o ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA; esse atendimento
acontece em horário diferente ao da sala de aula comum. Todo o ensino é
desenvolvido por uma professora, preferencialmente, formada em Letras e que
conheça os pressupostos linguísticos e teóricos que norteiam o trabalho do
ensino de português escrito para pessoas com surdez.
· Atendimento
Educacional Especializado para o ensino DE LIBRAS; esse trabalho é realizado pelo professor e/ou instrutor
de libras (preferencialmente, por profissionais com surdez), de acordo com o
estágio de desenvolvimento da língua de sinais em que o aluno se encontra.
Esses momentos de trabalho
são de extrema relevância para a inclusão do aluno em uma escola comum, pois
proporcionam além da interação social e linguística, a preparação para a
individualidade e coletividade, visando à formação de uma sociedade mais justa
e igualitária.